Sempre vira a minha Mãe a lavar roupa no tanque cinzento. Esfregava-a, torcia-a e batia-lhe, usava sabão e, às vezes, um pó que vinha nuns pacotes. Confesso que não ligava muito àquilo até ao dia em que lá de dentro saiu uma surpresa! Em vez de sair apenas aquele pó azulado, sem qualquer assumo de magia além de branquear e pôr a roupa a cheirar bem, eis que sai um boneco… um pirata de cor dourada! Que coisa maravilhosa se haviam lembrado! Em vez de ser apenas para actividades próprias de adultos vinha, também, com alguma coisa que interessasse aos mais pequenos. Não me lembro da marca do detergente mas lembro-me bem do pirata! Depois desse vieram outros bonecos de todas as cores e também, num detergente usado pela minha Avó Lourdes, índios e cobóis. Chegara-se a uma época suprema em que a lavagem da roupa era uma actividade ansiada pela malta! É que quanto mais as mães lavassem mais depressa vinha um pacote com um boneco novo. Estou mesmo desconfiado que houve muita barrela desnecessária motivada pelos miúdos que, vá-se lá saber porquê, se andavam a sujar mais do que o que já era costume! Pena foi quando substituíram os bonecos por molas e copos de vidro, que decepção!
Ainda tenho uma caixa em casa com bonecos sofisticados, que foram comprados mais tarde, e alguns de outras colecções que foram saindo em detergentes, gelados e pastilhas. Com muito pena não tenho nenhuns daqueles piratas originais… mas ainda não perdi a esperança de num destes dias, naquelas prateleiras dos hipermercados, ver um anúncio em que se anuncie em letras garrafais que o brinde, de um qualquer detergente para roupa, não é um talão de desconto nas lojas do centro comercial mas sim um fabuloso pirata em plástico dourado.
Pedras Soltas 